Ciclistas fazem o enterro simbólico do Código Nacional de Trânsito

Porto Alegre: a violência de um motorista deixou dezenas
de ciclistas feridos. O grupo participava de uma manifestação
por mais ciclovias na capita gaúcha (Foto de Ricardo Duarte)

Quem não ficou chocado com as imagens gravadas em Porto Alegre, que mostraram um motorista lançando o carro contra um grupo de ciclistas? Dezenas de pessoas ficaram feridas. Hoje, a organização não governamental Rodas da Paz promoveu uma manifestação na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, com a participação de mais de 50 ciclistas. O gesto foi um ato de solidariedade às vítimas da violência no trânsito, principalmente os gaúchos. A manifestação objetivou entregar às autoridades o "atestado de óbito" dos códigos Nacional de Trânsito e Penal Brasileiro.

No Distrito Federal, nos últimos 10 anos, mais de 2 mil pessoas foram mortas por atropelamento. O dado é dramático e revela a falta de educação dos condutores de automóveis. O documento aos parlamentares foi entregue, por voltada das 13h30, ao senador Paulo Paim (PT-RS).

Em Brasília, sucessivos gorvernos prometeram a construção de ciclovias. A meta inicial de 600 quilômetros não passou de algo em torno 60 quilômetros. Com frequência, há famílias de luto pela perda de um jovem ciclista ou de um trabalhador que usa a bicicleta com meio de transporte. As promessas se renovam a cada administração. Mas permanecem presas ao papel, enquanto os atropeladores gozam dos benefícios da impunidade.

Peso no bolso

De acordo com o presidente da Rodas da Paz,Ronaldo Martins Alves, em países como Holanda, França, Estados Unidos é possível observar os motoristas esperando até que a via seja liberada pelo ciclista. Não é só paciência nem cultura. "Eles sabem que vai pesar no bolso e na vida deles, o gesto insano de partir para a agressão ao ciclista. A cultura da bicicleta que vemos nestes lugares não foi um presente dos poderes constituídos, foi uma batalha ganha com muitos esforços e de muitos. Apoiado em uma boa dose de legislação, investimentos em obras físicas que promovem segurança dos usuários da bicicleta, fiscalização e conscientização da comunidade de que têm direitos e deve cobrar que sejam atendidos."