Obama poderá fazer apelo a Dilma pelos índios Guarani

Índio guarani Kaiowá canavieiro, vítima de trabalho análogo a escravo, na usina
de cana de açúcar, Naviraí, localizada no município de Naviraí - Mato Grosso do Sul
O presidente Barack Obama desembarca amanhã (19 ― Dia de São José,) em Brasília. A Survival Internacional colocou na bagagem do presidente dos Estados Unidos um apelo para que Obama interceda no encontro com a presidente Dilma Roussef em favor dos índios Guarani, que vivem no Mato Grosso do Sul. Os índios guarani-kaiowá estão sendo ameaçados pelo avanço da indústria sucroalcooleira no Brasil. Por décadas, as comunidades Guarani têm sido vítimas de inomináveis atrocidades em seus territórios tradicionais. É assustador o número de suicídios entre esse grupo, pressionado por fazendeiros, grupos religiosos e vítimas do descaso governamental.
A Survival International informou ao presidente Obama que a cana-de-açúcar vem sendo cultivada ilegalmente na terra ancestral dos Guarani, que é de grande importância espiritual para eles e da qual eles dependem para sobreviver. Os danos ambientais também são grandes. A poluição dos rios compromete a oferta de peixes, um dos principais produtos da dieta alimentar dos índios, causa diarréia e outras doenças nos integrantes da comunidade.
A perda da territorialidade ancestral tem levado os índios ao confinamento em reservas superpovoadas ou em acampamentos à beira das rodovias, onde o alcoolismo, o suicídio e a desnutrição são comuns.
Embora o governo  seja responsável pela demarcação das terras indígenas, desde os anos 1970, os Guarani têm sido negligenciados pelas ações do Estado brasileiro. Hoje está prevista a instalação de mais de 70 usinas de produção de etanol no Mato Grosso do Sul, o que ameaça seriamente o futuro dos Guarani.
Esse povo indígena já perdeu grande parte dos seus territórios tradicionais para avanço da soja. Atualmente, o pouco que lhe resta está ameaçado pelas lavouras de cana-de-açúcar destinadas à produção de álcool combustível. De acordo com a Survival International, em 2010, a gigante empresa de energia Shell assinou um acordo de US$ 12 bilhões para produzir etanol com a empresa de biocombustíveis brasileira Cosan, que está comprando cana de açúcar cultivada em terras Guarani.

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