Começa o julgmento dos assassinos dos ambientalistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo

Maria do Espírito Santo e José Cláudio foram executados, a mando de latifundiários,
em 24 de março de 2011, durante a votação do Código Florestal pela Câmara dos Deputados
(Foto:  Reprodução da internet)

Começou na manhã de hoje, no Fórum de Marabá (PA), o julgamento dos acusados pelo assassinado o casal de ambientalista e extrativista José Cláudio em Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, em 24 de março de 2011, em um assentamento em Nova Ipixuna, no sudoeste do Pará. No banco dos réus, estão José Rodrigues Moreira, Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento. A expectativa é de que o julgamento dure dois dias.

O crime teria sido patrocinado por madeireiros e grileiros, contrários à luta do casal, uma referência em defesa do patrimônio ambiental e do desenvolvimento sustentável da região. O assassinato ocorreu durante a votação do Código Florestal na Câmara dos Deputados, provavelmente com o intuito de intimidar aqueles que se opunham aos interesses dos desmatadores e latifundiários da Amazônia.

Logo após o crime, o latifundiário José Rodrigues Moreira se declarou proprietário das terras do assentamento Ipixuna e foi apontado como o mandante do duplo homicídio. A promotora responsável pela denúncia, Amanda Lobato, acusou o irmão do fazendeiro, Lindonjonson Silva Rocha, e Alberto Lopes do Nascimento de terem executado o crime.

Durante o julgamento, os familiares do dos ambientalistas são obrigados a se revezarem na sala do Fórum de Marabá, que tem capacidade para 90 pessoas. Não foi permitido fazer imagens do local. O risco de uma manobra em favor dos assassinos é cogitado por aqueles que, como José Cláudio e Maria do Espírito Santo, são comprometidos com defesa do patrimônio natural da Amazônia.

Nesta terça-feira (2/4), a ministra da Maria do Rosário Nunes, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, divulgou nota (íntegra abaixo), em que apela aos jurados que tenham "a sensibilidade e a firmeza em defender os direitos humanos e tornar esse caso um exemplo de consolidação da Justiça e um marco na proteção dos defensores dos Direitos Humanos. Que os assassinos sejam punidos com rigor, evitando a perpetuação da impunidade no país".

Local do crime

    ÍNTEGRA DA NOTA   

“A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) vem a público manifestar-se sobre o julgamento de José Rodrigues Moreira, Lindonjonson Silva Rocha e Alberto Lopes do Nascimento, acusados pelo assassinato dos extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, em maio de 2011, em um assentamento em Nova Ipixuna (PA). O júri popular se reúne nesta quarta-feira (3), no Forum de Marabá (PA), para analisar o processo e dar o veredicto.
Diante disso, a SDH/PR espera que os jurados tenham a sensibilidade e a firmeza em defender os Direitos Humanos e tornar esse caso um exemplo na consolidação da Justiça e um marco na proteção dos defensores de Direitos Humanos. Que os assassinos sejam punidos com rigor, evitando a perpetuação da impunidade no país.
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República se manterá atenta no combate à violação dos Direitos Humanos de pessoas que lutam por causas justas. Mais do que isso, cuidaremos para que o debate em torno da Reforma Agrária no país seja construído dentro dos limites de civilidade, em busca de um país mais paritário para todos os brasileiros e brasileiras.
Ministra Maria do Rosário Nunes



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