O Centro-Oeste poderá alimentar mais de 300 milhões de pessoas?

A resposta deverá sair do seminário Centro-Oeste Tempo 3
que será realizado pela Sudeco no próximo dia 13, em Brasília


A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) prevê que o Brasil é uma das poucas regiões do planeta capaz de responder por 40% da produção de alimentos necessários a mais de 800 milhões de pessoas. Essa projeção está associada às potencialidades e às condições naturais do Centro-Oeste, onde predomina o cerrado. Solo, água, clima e base tecnológica dão excelência ao bioma na superação do desafio imposto à maioria das nações, com elevado crescimento demográfico, escassez de espaço agricultável, de recursos naturais e suscetíveis a fortes variações climáticas.

Como responder a essa demanda e, ao mesmo tempo, cumprir uma agenda com base no desenvolvimento sustentável? Para responder a essa e a várias outras indagações, o Ministério da Integração Nacional, por meio da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) realizará, no próximo dia 13, o Seminário Centro-Oeste Tempo 3 — Bases para o planejamento estratégico do desenvolvimento sustentável.

“Vamos reunir especialistas, ministros de Estado, parlamentares e dirigentes de empresas estatais para, juntos, pensarmos estrategicamente o futuro da região”, disse o diretor-superintendente de Desenvolvimento do Centro-Oeste, Marcelo Dourado, que há 52 anos mora em Brasília.

Será apenas um dia de intensos debates. De acordo com a programação, obtida com exclusividade, na manhã de hoje (1/11), a abertura, às 8h30, no auditório do ParlaMundi, da Legião da Boa Vontade, na 915 Sul, será feita por Marcelo Dourado. O primeiro palestrantes será Maurício Lopes, PhD especialista em genética molecular, atual presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ele abordará o tema Bases científicas e tecnológicas para a gestão e utilização sustentáveis dos recursos naturais dos trópicos. Hoje, o Brasil dispõe de um conjunto de tecnologias apropriadas para o desenvolvimento sustentável das atividades agropecuárias, como integração lavoura-pecuária-floresta, agricultura de precisão e plantio direto.


Ações

Em seguida o economista PhD Antônio Arantes Lício tratará do impacto do aumento da demanda alimentar mundial, como foco do desafio do século: ampliar a oferta de produtos alimentícios em bases sustentáveis. Uma análise preliminar revela que o aumento populacional da Ásia e da América Latina, associado ao crescimento da renda per capita das populações, sinaliza para uma escassez de alimentos no prazo de uma década ou, no máximo, daqui a 15 anos. Esse fenômeno impõe uma exigência inédita à humanidade que é a de acelerar o ritmo de produção e elevar a quantidade de alimentos. É nesse cenário que o Centro-Oeste emerge com toda a sua potencialidade para pelo menos mitigar o impacto dessa necessidade.

Quais são as ações inadiáveis para que o Brasil possa corresponder às previsões da FAO? Em boa medida, a questão será respondida pelo senador Rodrigo Rollemberg, presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado; pelos ex-ministros da Agricultura e integrantes do Fórum do Futuro, Alysson Paulinelli e Roberto Rodrigues; pela presidente da Confederação Nacional da Agricultura, senadora Kátia Abreu; e pelos ministros Mendes Ribeiro, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e Fernando Bezerra Coelho, da Integração Nacional.

O seminário prossegue com a divulgação dos resultados de pesquisas da Fundação Dom Cabral sobre logística no Brasil, analisados pelo engenheiro Paulo Resende, professor e pesquisador da instituição. O tema Logística, a barreira intransponível será complementado com a palestra do engenheiro agrônomo, ex-presidente da Companhia de Armazéns e Silos de Minas Gerais (Casemg) e ex-diretor do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) Célio Floriani.  Nesse bloco serão avaliadas as perdas do Brasil pela ausência de uma estrutura produtiva e quanto poderá ganhar e crescer se direcionar investimentos em infraestrutura no Centro-Oeste. Apesar de algumas debilidades, a região se revela um time com capacidade de grandes vitórias e de compor uma seleção imbatível na corrida pelo crescimento econômico com sustentabilidade. Mas, para isso, é imprescindível aplicar recursos em estradas, ferrovias, hidrovias e portos. Caso contrário, as deficiências atuais irão inibir de forma drástica a produção.

Ainda pela manhã, o presidente da Eletrobrás, José da Costa Carvalho Neto, tratará do tema Energia a preços competitivos, o que fazer. A secretária de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina Correta da Costa; o diretor de Logística da Vale, Fabiano Lorenzi, além de um representante da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vão contribuir para o debate sobre a importância estratégica da logística.

No período da tarde, o seminário tratará da importância da comunicação, como elemento estratégico ao envolvimento da sociedade e da mídia, considerando as dimensões sociais, econômicas e ambientais das intervenções na região voltadas à construção e ao desenvolvimento de um projeto sustentado. Desse bloco de debate participarão o jornalista Fernando Barros, diretor de comunicação do Fórum do Futuro; o coordenador do Núcleo de Agronegócios da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo, professor José Luiz Tejon Mejido; e o jornalista Rodrigo Lara Mesquita, da Fundação Mata Atlântica.

O produtor rural como gestor territorial: caminhos para a sustentabilidade será o último tema em debate, com palestras do subsecretário de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais, agronônomo e PhD em ecologia química Evaldo Vilela, e do doutor Eduardo Assad, da Embrapa e atual coordenador  da sub-rede clima e agricultura da rede clima do Ministério de Ciência e Tecnologia e integrante do Comitê Científico do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas.

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